Esta semana, o Brasil assistiu a inúmeros depoimentos de delatores da construtora Odebrecht, que está no centro do maior escândalo de corrupção do Brasil revelado pela operação Lava Jato. Saiba como os investigadores chegaram a uma das mais importantes empreiteiras do país e como o comportamento do presidente da empresa mudou ao longo da investigação.
Foram oito meses de investigação - o começo foi em 17 de março de 2014 - até a Lava Jato chegar ao esquema de corrupção que unia as principais construtoras do país à Petrobras. Esse elo motivou a sétima fase da operação, que ficou conhecida como Juízo Final.
Inicialmente, a Odebrecht era citada de forma secundária, mas aos poucos as suspeitas contra a maior empreiteira do pais foram ganhando corpo. A Odebrecht resistia e por diversas vezes declarou não ter qualquer envolvimento em negociações ilícitas.
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Da negação aos detalhes da corrupção: o que Marcelo Odebrecht disse antes e depois de virar delator
Em junho de 2015, a Polícia Federal prendeu o então presidente da construtora, Marcelo Bahia Odebrecht, que continuou negando irregularidades. Mesmo depois de três meses preso, em Curitiba, o empresário disse em depoimento à CPI da Petrobras que não abria mão dos valores morais e que delator é dedo duro.
"Quando lá em casa minhas meninas tinham uma discussão, falavam que tinha uma briga, eu dizia: ‘Olha, quem fez isso?’. Eu talvez brigasse mais com quem dedurou do que aquele que fez de fato. Para alguém dedurar precisa ter o que dedurar, esse é o primeiro fato. Isso eu acho que não ocorre aqui", disse Odebrecht na ocasião.
As investigações continuaram avançando e a situação da empreiteira mudou quando, em fevereiro do ano passado, a Lava Jato cumpriu a 23ª fase da operação, batizada de Acarajé. Os policias prenderam, na Bahia, Maria Lucia Tavares, na época, secretaria de Marcelo Odebrecht, que desempenhava uma função estratégica na construtora. Com a prisão dela, a polícia descobriu que a empresa tinha criado um setor exclusivamente para fazer pagamentos ilegais para políticos e funcionários da Petrobras.
O setor existia oficialmente no organograma da empresa. Era chamado de “departamento de operações estruturadas". Maria Lucia deu os detalhes de como ele funcionava e entregou planilhas com o registro de repasses. Para os investigadores, uma prova incontestável.
"Ficou claro que a empresa Odebrecht realmente tinha um setor que organizava, contabilizava, possuía hierarquia e alçadas para o pagamento de propinas", disse Carlos Fernando dos Santos, procurador da República.
No dia em que o departamento de propina foi descoberto, a Odebrecht divulgou um comunicado, o "compromisso com o Brasil", em que afirmava estar disposta a fazer uma colaboração definitiva.
A partir daí, a postura com a Lava Jato começou a mudar e a empresa iniciou negociações com o Ministério Público Federal para fechar uma delação premiada. Em março de 2016, Marcelo Odebrecht foi condenado a 19 anos e quatro meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Foi considerado o mandante de pagamentos de US$ 35 milhões e quase R$ 110 milhões de propina a funcionários da Petrobras.
No fim do ano passado, a empresa assinou um acordo de leniência com os procuradores da Lava Jato e aceitou devolver R$ 6,8 bilhões ao longo de 20 anos. Em comunicado enviado à Rede Globo, com o título "Desculpe, a Odebrecht errou", a construtora reconheceu que participou de práticas impróprias em sua atividade empresarial.
Ao mesmo tempo, 78 executivos e ex-executivos da empresa assinaram os acordos de delação, confessando os atos de corrupção. Foi a maior colaboração premiada do mundo. Cento e dezesseis procuradores ouviram 950 depoimentos, em uma espécie de força tarefa que durou uma semana e percorreu as cinco regiões do país.
Com a morte do primeiro relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Teori Zavascki, as delações foram homologadas pela presidente do STF, ministra Carmem Lucia, no fim de janeiro, e devolvidas em seguida para o Ministério Público Federal. No dia 14 de março, às 17h, Rodrigo Janot entregou ao Supremo dez caixas com 320 pedidos ao ministro Edson Fachin, que substituiu Teori Zavascki na relatoria da Lava Jato. Entre os pedidos, estava a abertura de 83 inquéritos para investigar políticos e também o fim do sigilo da delação que agora começam a ser esmiuçadas.
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