História da Rede Globo
A Rede Globo surgiu em 1925, a partir do jornal impresso “O Globo”. Irineu Marinho foi o fundador do jornal impresso. Seu filho, Roberto Marinho, tornou-se presidente da empresa em 1931, e conseguiu a concessão para TV aberta com Juscelino Kubitschek em 1957.
No mesmo ano da fundação do jornal, Irineu Marinho faleceu devido a um ataque cardíaco.
Roberto não se sentiu pronto para comandar o jornal e deixou a tarefa com Euricles de Matos, jornalista com mais experiência. Roberto trabalhou por anos como jornalista n’O Globo.
Radio-Globo-e-Jornal-O-Globo
Primeiras programações e estrutura da Rede Globo.
Em 1931, com o falecimento de Euricles, Roberto se tornou presidente do jornal e começou a expansão da empresa. Fator essencial na história da rede.
Em 1934, Roberto Marinho fundou a rádio O Globo.
A rádio fez muito sucesso na década de 50 por trazer grandes nomes da música de seu tempo.
Nessa década, Getúlio Vargas foi eleito presidente do Brasil. Com medo de que o ex-ditador voltasse a tomar medidas totalitárias, uma parcela da população se organizou para fazer ferrenha oposição ao presidente. Dentre os grupos do movimento, estava a rádio Globo.
Conheça a história dos governos Vargas e a situação do Brasil nesse momento através do nosso artigo e documentário: Capítulo 6 – Era Vargas: O Crepúsculo de um Ídolo | Brasil – A Úlltima Cruzada.
Era constante a presença de opositores ao governo Vargas nos principais programas da rádio. A principal personalidade a frequentar os programas nessa época foi o líder conservador, Carlos Lacerda.
Na noite de 5 de agosto de 1954, Carlos Lacerda sofreu uma tentativa de assassinato da qual saiu ferido; e seu guarda pessoal, Major Rubens Vaz, morto.
No inquérito instaurado, as investigações apontavam para o guarda pessoal de Getúlio. O Brasil se agitou de uma maneira que a renúncia do ex-presidente parecia cada vez mais próxima.
Seus opositores estavam cada vez mais fortes e com o povo ao seu lado.
Em meio a tudo isso, a Rádio Globo, líder em audiência na época, mantinha a repercussão do tema.
Foi na noite de 24 de agosto de 1954, que Getúlio Vargas, de acordo com as suas palavras,
“deixou a vida para entrar na história”, suicidando-se no Palácio do Catete.
Logo após a rádio Globo entrevistar o ex-presidente Eurico Gaspar Dutra, Carlos Lacerda ressaltou em seu pronunciamento:
“Extraordinário papel que a Rádio Globo, a serviço da imprensa falada, da verdade e da justiça, desempenhou nesta revolução branca que hoje tem a sua noite de glória”.
A notícia do suicídio gerou grande comoção popular. O movimento tomou as ruas e provocou atos de revolta contra os atores e órgãos de comunicação identificados como inimigos do presidente morto.
Em comício improvisado na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro, um orador acusou a Rádio Globo de continuar transmitindo música popular, desrespeitando o luto pelo presidente morto — enquanto outras emissoras somente transmitiriam música clássica.
Aprenda a diferença entre música clássica e música popular moderna.
Um grupo de manifestantes partiu dali em direção à sede da emissora, na avenida Rio Branco, para tomá-la de assalto.
Porém, eles foram impedidos pela presença da Polícia Especial.
Em função desses incidentes a avenida foi interditada pelo Exército, que precisou proteger a Rádio Globo. Em 29 de agosto Lacerda ainda voltou aos microfones da Rádio Globo para interpretar os sentidos da carta-testamento deixada por Getúlio.
Assim, a história da Rede Globo misturava-se com a história do Brasil de forma cada vez mais intensa.
Globo na TV
Em 1950, a televisão chegou ao Brasil. Em 1951, a Globo requereu ao então presidente, Eurico Gaspar Dutra, uma concessão para começar seu canal de televisão. O primeiro parecer foi positivo, contudo, Getúlio Vargas chegou ao poder e negou o pedido.
Foi apenas em 1957 que a Globo conseguiu chegar à TV. O presidente Juscelino Kubitschek aprovou a concessão de televisão para a Rádio Globo, que começou como o canal 4 do Rio de Janeiro.
Antes da Globo estrear na TV, o país passou por uma grande conturbação.
Em 1964, João Goulart reuniu 300 mil pessoas na central do Brasil, no Rio de Janeiro, anunciando a estatização de todas as refinarias de petróleo presentes no país e de várias propriedades rurais para a realização de uma reforma agrária.
João Goulart estava começando um governo visto na época como alinhado ao socialismo.
A Globo de Roberto Marinho foi contra. Roberto apoiou abertamente o movimento cristão anti-comunista.
A “Marcha da Família com Deus pela liberdade” contou com a presença de 500 mil pessoas na cidade de São Paulo.
Em um editorial de 7 de outubro de 1984, o presidente da Globo, Roberto Marinho, admitiu o apoio ao movimento de 64:
“Participamos da Revolução de 1964, identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada”.
Conheça a história real do importantíssimo ano de 1964, através do documentário: 1964 – O Brasil entre Armas e Livros e sobre a ditadura militar.
Estes acontecimentos também foram marcos na história da Rede Globo..
Por apoiar o movimento desde o início, os militares viam a Globo com bons olhos.
Durante o regime, a Globo recebeu altas verbas públicas diversas vezes, ganhou autorização para criação de novas emissoras pelo país e não sofreu nenhuma penalização ou obstrução no processo de criação de monopólio.
A Rede Globo passou a incorporar diversas rádios e jornais pelo Brasil.
Com o crescimento do grupo Globo, praticamente todas as principais revistas e jornais eram da empresa.
Atualmente, os jornais e revistas da Rede Globo são:
Jornais: O Globo , Extra , Valor Econômico , Expresso da Informação.
Revistas: Época , Época Negócios, Marie Claire, Quem, Glamour, Casa & Jardim, Autoesporte, GQ, Galileu, Globo Rural, Monet, Casa e Comida, Vogue, Casa Vogue, Crescer, Pequenas Empresas & Grandes Negócios.
Segundo a pesquisa Monitoramento da Propriedade da Mídia, financiada pelo governo da Alemanha, o grupo Globo alcançava sozinho uma audiência maior do que as audiências somadas do 2º, 3º, 4º e 5º maiores grupos televisivos brasileiros.
A rede Globo alcança 100% das áreas do Brasil que possuem sinal de TV aberta e ainda possui várias rádios e canais de TV a cabo.
A emissora nunca foi condenada por monopólio e continua recebendo altas quantias de dinheiro público.
Principais Escândalos
A história da rede Globo também conta com escândalos em seu percurso.
Escândalo Político
Roberto-Marinho-ao-lado-de-Jose-Sarney
José Sarney e Roberto Marinho.
Segundo o documentário, “Muito além do cidadão Kane”, produzido pela BBC de Londres, em 1993, o presidente Tancredo Neves era íntimo de Roberto Marinho.
Logo após a sua eleição como presidente, Tancredo se encontrou em um almoço com Roberto Marinho e seu amigo pessoal, o ex-governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães.
Mesmo Roberto Marinho apoiando a ditadura, ele já estava próximo do novo presidente.
Logo em seguida, o presidente Tancredo Neves anunciou que o ex-governador seria Ministro das Comunicações.
Após a entrada de José Sarney na presidência, devido a morte de Tancredo, o ex-governador foi efetivado no cargo de Ministro.
Nesta época, Sarney já era dono da emissora afiliada da rede Globo no Maranhão.
A principal fornecedora de equipamentos para telecomunicação do governo era a NEC Brasil, propriedade conjunta da Brasil Invest e sua matriz no Japão.
No cargo de Ministro, Antônio Carlos Magalhães alegou que os japoneses da NEC enviaram-lhe uma mensagem acusando o dono e administrador brasileiro de desfalque na empresa.
Imediatamente, o Ministro rompeu todos os negócios do governo com a NEC.
Por não conseguir se sustentar sem o amparo estatal, a empresa teve que se colocar à venda.
Logo que entrou no mercado, a história da Rede Globo se ampliou com mais uma empresa sob seu domínio. A emissora logo comprou a NEC por 1 milhão de dólares.
Após a compra de Roberto Marinho, Antônio Carlos Magalhães reatou todos os acordos econômicos com a NEC, que passou a valer 350 milhões de dólares. A empresa passou a fornecer alto lucro para a Globo.
Após Antônio sair do cargo de Ministro, Roberto Marinho abandonou a parceria de 18 anos com a TV Aratu, de Salvador, e escolheu como nova afiliada da Globo a TV Bahia, de Antônio Carlos Magalhães.
Nesse momento, Antônio Carlos passou a ter controle de praticamente todas as centrais de telecomunicações da Bahia e, posteriormente, foi eleito governador do Estado.
Papa-Tudo
Em 1990, buscando concorrer com a Tele Sena do Silvio Santos, a Rede Globo teve um marco em sua história: o lançamento do título de capitalização “Papa-Tudo”. O título foi feito em parceria com o banqueiro Artur Falk.
Os principais divulgadores do produto eram o Faustão e a Xuxa.
O funcionamento do produto era igual ao da Tele Sena. Bastava comprar o título na lotérica e conferir o resultado.
O “Papa-Tudo” tinha várias promessas. No prêmio principal, eram feitas promessas milionárias, mas além destes, ainda havia uma série de supostos benefícios.
Uma das promessas era a de que parte do dinheiro seria destinado a caridade. Embaixadores da UNICEF participaram do projeto.
Contudo, não muito tempo depois do começo do “Papa-Tudo”, as lotéricas e os correios pararam de resgatar os bilhetes.
O motivo foi que os prêmios não estavam chegando para os ganhadores, tornando insustentável a continuação da venda.
Os organizadores prometeram indenizar os ganhadores, o que não aconteceu.
R$ 168 milhões não chegaram nas mãos dos sorteados. Este valor, corrigido pela inflação, seria de quase meio bilhão de reais nos dias de hoje.
Artur Falk foi preso por estelionato. Não há notícias de que alguém da Rede Globo tenha sofrido alguma sanção pelo caso.
A sentença de primeiro grau condenou Artur a 5 anos de prisão. Mas após uma série de recursos, o STJ entendeu que o crime prescreveu. Artur ficou livre e não houve mais punições.
Acusação de corrupção milionária nas Copas do Mundo e de acobertamento
Conforme reportagem da TV Record, o promotor da Suíça, Thomas Hildebrand, descobriu que a empresa International Sport and Leisure, do seu país, pagou mais de 37 milhões de francos suíços em propina a João Havelange e seu genro, Ricardo Teixeira.
Essa empresa suíça é a que garantiu o monopólio da Globo nas transmissões da Copa do Mundo.
João Havelange e Ricardo Teixeira comandaram o futebol mundial e brasileiro por 30 anos, de 1982 a 2012. Em reais, as propinas foram de mais de R$ 220 milhões.
Ambos constantemente concediam exclusividade nas transmissões para a Globo.
Na investigação do Fifagate, ainda em andamento nos EUA, , o delator Alejandro Burzaco admitiu que a empresa na qual trabalhava na Argentina, junto com a Globo e outras, pagou propina a dirigentes do futebol da América do Sul pelo monopólio da transmissão de torneios como a Copa América e a Copa Libertadores.
Ele também denunciou que a Globo participou de uma “caixinha” equivalente a quase R$ 80 milhões, pagos ao cartola argentino, Julio Grondona, pelos direitos de transmissão das Copas de 2026 e 2030.
Os pagamentos teriam sido feitos pela Globo Overseas, empresa ligada ao Grupo Globo com sede em Amsterdã, na Holanda, outra forma de evitar o pagamento de impostos no Brasil.
A Globo Overseas também foi envolvida em outro caso. A empresa da família Marinho tentou enganar o fisco na compra dos direitos da Copa do Mundo de 2002. A Rede Globo não noticiou a fiscalização da Receita Federal.
Um documento de julho de 2006 revelou que a TV Globo sonegou mais de R$ 183 milhões de impostos na compra dos direitos de transmissão da Copa de 2002. A Rede Globo foi multada em R$ 274 milhões.
A enganação ao fisco começou quando a ISMM, empresa representante da Fifa, vendeu para a Globo Overseas e para a TV Globo os direitos de transmissão da Copa de 1998. O valor foi de US$ 220 milhões.
A Globo Overseas pertence à Globinter, que fica nas Antilhas Holandesas que, por sua vez, pertence à Rádio Globo. Os sócios da rádio também são donos da empresa Globopar, ligada à família Marinho.
Segundo a Receita Federal, a Globopar fez remessas para outra empresa no exterior, a Power Company, que serviu de ponte para enviar milhões de dólares para a Globo Overseas.
Em abril de 1999, a Globinter abriu uma empresa chamada Empire Investment Group nas Ilhas Virgens Britânicas e transferiu para ela os direitos da Copa seguinte. Dois anos depois, a Empire foi vendida à TV Globo por US$ 221 milhões.
Esta manobra fez com que a emissora se tornasse a única detentora dos direitos de transmissão daquela Copa. Em fevereiro de 2001, a TV Globo dissolveu a Empire Investment Group e criou a GEE Eventos Esportivos Limitada.
Logo depois, parte da GEE foi vendida para a programadora de canais Globosat.
Deste modo, a TV Globo e a Globosat passaram a ser donas dos direitos de transmissão dos 64 jogos da Copa de 2002 na TV aberta e nos canais por assinatura, sem pagar impostos no Brasil.
O auditor fiscal, Alberto Sodré, afirmou que as Organizações Globo se utilizaram de uma rede de, pelo menos, onze empresas sediadas em paraísos fiscais para disfarçar a compra dos direitos de transmissão como se fosse um investimento em ações de empresas no exterior.
Sodré descreveu a operação como uma “intrincada engenharia desenvolvida pelas empresas do sistema Globo” para “esconder o real intuito da operação”.
Em 2001, quando a Rede Globo ainda não tinha exclusividade para transmitir os jogos da seleção brasileira, o Globo Repórter fez uma matéria expondo as corrupções de Ricardo Teixeira.
Quando Ricardo Teixeira foi deposto da CBF por escândalos de corrupção, a mesma emissora fez uma matéria no Jornal Nacional elogiando-o e defendendo-o (um dos exemplos). Isso após conseguir a exclusividade dos jogos da seleção com o próprio Ricardo Teixeira.
Em 2018, o jornalista Ken Bensinger lançou nos Estados Unidos o livro “Red Card”, que conta em detalhes o maior caso de corrupção esportiva da história, o Fifagate, revelado em 2015, em que a Globo estava envolvida.
Contudo, para ser lançado no Brasil, a editora da própria Globo comprou os direitos do livro em 2015, antes dele ser lançado. O livro estava previsto para ser lançado em 2015, uma ano antes da Copa, contudo, a editora Globo atrasou seu lançamento.
Depois de muita polêmica, a Globo publicou o livro no Brasil em 2019.
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